A Petrobras informa que o consumo de gasolina no país acaba
de superar meio milhão de barris por dia, com expansão de 7% desde janeiro, em
função de dois fatores: o primeiro deles, o aumento da frota de carros e
comerciais leves, com emplacamento de 351 mil unidades apenas no mês de julho; o segundo porque, nos veículos flex, a
gasolina ganha do etanol por oito litros
a um.
A importação da gasolina bate recordes e o canavial, enquanto isto, está na muda e
as usinas adiam projetos de expansão. O quadro mostra uma realidade
preocupante: o Brasil, maior produtor de etanol do mundo, não está sabendo valorizar
um produto ecologicamente correto, renovável e 100% nacional para se atolar nas
importações de um produto poluente e não renovável.
Há, é inegável, uma situação de verdadeira insensatez do governo diante da realidade energética do mundo; enquanto os Estados Unidos e países europeus buscam alternativas para a substituição da gasolina, no Brasil abandona-se o etanol à sua própria sorte levando desestímulo a um setor que deveria, pela sua própria importância estratégica, não apenas ser valorizado como, sobretudo, estimulado.
Há, é inegável, uma situação de verdadeira insensatez do governo diante da realidade energética do mundo; enquanto os Estados Unidos e países europeus buscam alternativas para a substituição da gasolina, no Brasil abandona-se o etanol à sua própria sorte levando desestímulo a um setor que deveria, pela sua própria importância estratégica, não apenas ser valorizado como, sobretudo, estimulado.
Participei, recentemente, em Sertãozinho, de uma reunião de
prefeitos dos municípios canavieiros nas quais as preocupações da indústria e
da agricultura ligadas à cana foram expostas com a necessária clareza. Faltam, lamentavelmente, ações concretas no
sentido de estimular a produção da cana-de-açúcar considerando o seu papel
fundamental na geração de empregos e renda,
não apenas para a região de Ribeirão Preto, mas para todo o Brasil.
Se temos, no país, um substituto natural para a gasolina
produzida por petróleo importado – com ônus significativos para nossa balança
de pagamentos – por que insistirmos no erro e fecharmos os olhos a uma
realidade incômoda e tão à nossa volta?
O governo federal – justiça lhe deve ser feita – acerta
quando adota medidas para estimular a economia, como no caso da redução do IPI
para veículos automotores e para bens semi e não duráveis. Ainda assim, houve
recuo de 12,5% na produção de bens de capital; de 9,4% de bens de consumo
duráveis e de 2,5% de bens intermediários. A balança comercial brasileira abriu
o segundo semestre com superávit de US$ 2,879 bi, o segundo melhor saldo deste
ano (em maio, US$ 2,950 bi), mas não
muda a situação precária do comércio externo brasileiro, que registrou, ao
final de junho, o pior resultado semestral dos últimos dez anos.
Essas bondades sazonais, entretanto, do tipo da redução de
custos com folhas de pagamentos em 15 setores da economia minimizam, mas não
resolvem os problemas gerados por uma legislação trabalhista anacrônica e
pelo paternalismo estatal interferindo numa falsa economia de mercado
na qual quem produz é sacrificado em benefício de quem especula.
Welson Gasparini é deputado estadual (PSDB), advogado e
ex-prefeito de Ribeirão Preto.
(Fotos: arte mococa24horas e arquivo pessoal)