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Quem trabalha muito, não tem tempo de ganhar dinheiro

:: Por Yacov Gerenstadt ::

De acordo com os princípios da Cabalá, o ditado popular “quem trabalha muito, não tem tempo para ganhar dinheiro” faz sentido. Alguns versículos podem explicar mais sobre isso como, por exemplo, os personagens da Torá que foram extremamente bem sucedidos financeiramente.
Os patriarcas Abraão, Isaac, Jacó e o profeta Moisés eram pastores. Esta atividade, diferentemente de empresários e funcionários que exercem cargos de confiança, proporciona ao trabalhador muito tempo para os assuntos pessoais e particulares, mas, ao mesmo tempo, não é muito rentável. Surpreendentemente, mesmo assim, eles obtiveram resultados extremamente positivos no final das contas.
Os seguintes versículos abordam claramente o provérbio citado acima:
• "Isaac lavrou na área. Nesse ano ele colheu cem vezes mais (do que aquilo que semeara)" (Gênesis 26:12);
• “(…) Eu cruzei o Jordão com (apenas) o meu bordão, e agora eu tenho o suficiente para dois acampamentos" (Gênesis 32:11);
• "E Abraão estava muito rico, com gado, prata e ouro" (Gênesis, 13:2).
Em contrapartida, versículos como: "E lhe abençoarás o Eterno vosso D'us em tudo que fizeres” e "Entregue seu pedido a D'us e Ele lhe proverá" podem tornar contraditório tudo o que foi dito anteriormente. A partir disso, surgem questionamentos de como devemos nos comportar. Será que devemos trabalhar e fazer algo para receber as bênçãos Divinas, como afirma o primeiro versículo, ou basta entregar tudo nas mãos de D'us e ter fé de que o sustento chegará?
Interessante notar que existe uma discussão no Talmud – conjunto de livros que contém discussões e interpretações bíblicas – envolvendo Rabi Shimon bar Yochai, autor do Zôhar (livro básico da Cabalá), e os sábios de sua geração. Rabi Shimon afirma: "Um homem que se ocupa com trabalhos mundanos, e abre mão do trabalho Divino, é um pecador". E os sábios argumentam: "É bonito o estudo da Torá junto com o trabalho, além do mais a pessoa que se ocupa somente com o serviço Divino, o que irá comer?". Rabi Shimon, por sua vez, responde: "Virão estranhos e pastorearão seu rebanho!".
Administrar os negócios com ética e honestidade -  O Talmud ainda revela que a conduta adotada por Rabi Shimon teve como consequência, a aproximação de estranhos, que realmente pastorearam seu rebanho. Porém, muitos tentaram fazer o mesmo, mas não tiveram sucesso.
Analisando todos os questionamentos acima, podemos concluir que, quando os indivíduos se encontram no nível de Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, ou até mesmo de Rabi Shimon, a ocupação com assuntos mundanos é uma falha grave, pois possuímos uma missão muito sublime neste mundo, que é transmitir a luz Divina à humanidade. Ou seja, essas pessoas não têm o direito de desperdiçar o tempo sagrado com coisas que podem ser feitas por estranhos.
Então, percebemos que, para receber as bênçãos Divinas, existem vários fatores, mas um dos quesitos básicos é a consciência. Portanto, as graças não dependem de nossa sabedoria, visão empresarial ou habilidade nos negócios, mas sim de entender que o sucesso depende única e exclusivamente de D'us. Tendo consciência disso, a pessoa passa a administrar os negócios com base na ética e honestidade, para praticar a justiça social, além de cooperar com causas nobres e com os menos afortunados.


Yacov Gerenstadt é rabino, estudioso da Cabalá e preside a primeira unidade do Gal Einai, Instituto Internacional de Difusão de Cabalá, no Brasil.

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