criar site

A propósito da Educação e do PIB...


:: Por Welson Gasparini ::
Causou polêmica, para dizer o mínimo, a frase da presidente Dilma na quinta-feira, 12, durante a 9ª. Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente,  logo no dia em que o índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) reforçava a percepção da estagnação do sistema produtivo brasileiro:
 “Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas crianças e adolescentes. Não pelo seu PIB”.É uma frase, sem dúvida, feliz dentro de um contexto infeliz: a economia brasileira não vai bem!
A presidente Dilma, conforme lúcida análise do jornalista Celso Ming no “Estadão” do último domingo, tenta,  no jogo de palavras,  justificar o fracasso da sua política econômica. Justamente ela que passou a metade deste ano apostando no   crescimento da atividade econômica  da ordem de  4% a 5%, índice realmente  auspicioso num cenário internacional cinzento.
Ao fazer o jogo do contente, a presidente considera importante não o tamanho do PIB mas,  sim,  a pujança dos indicadores sociais. No entanto, o Brasil não pode se gabar de indicadores sociais e isto pode ser avaliado por quem queira girar pelo centro das principais metrópoles brasileiras onde salta aos olhos – contrariando a fala presidencial -  o abandono de crianças e jovens.
Educação: estado lamentável - No item educacional, conforme tenho focalizado até com certa insistência em meus pronunciamentos na  tribuna da Assembleia Legislativa, o desempenho brasileiro é lamentável: ocupamos, atualmente, o 88.º posto entre os 127 países que compõem o ranking da Unesco, atrás mesmo  de Equador, Bolívia e Venezuela. Já na  última avaliação de estudantes feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, também foi desastrosa a participação do nosso país: entre 65 concorrentes, não passou do 53.º lugar tanto em compreensão de leitura como em ciências e do 57.º, em matemática.
 O Congresso acaba de aprovar investimento de 10% do PIB para a educação até 2020,  mas o problema não é apenas de dinheiro. O que pesa mais não é a insuficiência de verbas públicas mas,  sim, a baixa qualidade do gerenciamento dos recursos disponíveis. Conforme feliz imagem do jornalista Ming,  o puro aumento de recursos nas instituições existentes seria o mesmo  que armazenar vinhos bons em tonéis deteriorados.
O governo brasileiro peca pela falta de rumos porque, mesmo com recursos orçamentariamente disponibilizados, sequer consegue aplicá-los por grave deficiência gerencial. Tudo isto porque, infelizmente, a educação neste país não tem merecido a prioridade devida, a partir dos salários desestimulantes que acabam desviando, do magistério público ou privado, algumas das nossas melhores vocações.
Um país melhor, não canso de reiterar,  começa com uma educação estruturalmente melhor: estudantes bem preparados  acabam se tornando bons cidadãos e eficientes gerentes de seus próprios destinos...


Welson Gasparini é deputado estadual, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto














(Fotos: reprodução e arquivo pessoal).

Twitter Delicious Facebook Digg Favorites More

 
Licença Creative Commons
O conteúdo deste site está licenciado sob Creative Commons Atribuição-Vedada a criação de obras derivativas 3.0 Brasil License.