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Os políticos do "sim" ou do "não"

Classe política acaba anulando a grande vantagem social
representada pelo debate  (Foto: reprodução)
 
| Por Welson Gasparini |
 
A classe política brasileira falha nos  seus compromissos, em grande parte,  porque atua em dois grupos distintos: o do “sim” ou o  do “não”. Em praticamente todos os parlamentos, logo no início das atividades, os eleitos, passam a votar projetos, regra geral, dizendo sempre “sim” ou sempre “não.” Há um entendimento implícito: os que  apoiam o governo devem, sem maiores análises, aprovar tudo, parecendo até ser traição discordar em determinados momentos. O mesmo acontece com os oposicionistas: alguns causam  até escândalos quando divergem dos seus companheiros e aprovam propostas do governo.
Com este comportamento, a classe política acaba anulando a grande vantagem social representada pelo  debate, pelo  choque de ideias, pela possibilidade do  convencimento. A radicalização fecha os ouvidos e as bocas repetem argumentos parecidos  deixando insensíveis os parlamentares que iniciam uma discussão dispostos a não ceder nem à  lógica e nem ao bom senso,  pois se julgam donos da verdade. E isto, lamentavelmente, acontece tanto entre  políticos da situação quanto da oposição.
Some-se a tudo isto a paixão existente nos debates; ser convencido significa perder e, por este motivo,  não é possível ceder.
Falta diálogo construtivo - Falo tudo isto para deixar claro que, no  processo da discussão e votação das reformas econômicas  e sociais tão necessárias à modernização do país,   tem sido muito difícil o chamado “diálogo construtivo.” A radicalização chega ao ponto de se criar uma oposição às reformas básicas indispensáveis como  fosse possível o Brasil continuar da maneira como se encontra.
Lógico que é preciso mudar. E que bom seria se o processo de mudanças pudesse ser feito de maneira aberta e sem radicalizações... Ganharia o governo com o aperfeiçoamento das reformas propostas;  ganharia, igualmente,  a oposição, tendo a oportunidade de participar ativamente do processo.
Restaria ainda vencer os grupos defensores de interesses pessoais ou  corporativos. São pessoas incapazes de  colocar os  interesses pessoais ou corporativos  abaixo do interesse nacional.
Para o Brasil mudar  é preciso mudar os comportamentos, a começar dos próprios políticos que não podem, assim,  ficar radicalizados nos grupos do “sim” ou do “não”, tornando-se  abertos aos debates na busca do  verdadeiro e do justo. Em resumo: na busca do interesse coletivo,  sobrepondo-o ao individual, ao corporativo,  ao partidário e, até mesmo, ao ideológico.

 
Welson Gasparini é deputado/PSDB, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto.

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