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Alunos da zona rural viajam para estudar

[28/1 – mococa24horas] O programa Caminhos da Roça, da EPTV, afiliada da Rede Globo na região, apresentado aos sábados, acaba de apresentar reportagem enfocando a educação na zona rural de Mococa e região, revelando que “em dez anos, escolas da zona rural de São Paulo caíram de 10 mil para menos de 300”.
Leia a reportagem do “Caminhos da Roça”: “Em dez anos de Caminhos da Roça, o programa tem mostrado que o perfil do campo está mudando. Mas para uma haver uma verdadeira transformação, a educação rural também tem que melhorar. Nessa área, ainda há muito o que se fazer.
[Mococa] Da escola na zona rural de Mococa, restou apena entulho amontoado. Até dois anos atrás, os moradores da redondeza estudavam no local [escola da Fazenda Morro Azul]. A maioria dos 68 alunos da antiga escola foi transferida para uma no distrito de Igaraí. Agora, eles precisam viajar para estudar e sentem falta do passado. “Tinha muito professor legal lá... Tinha professor de capoeira, de educação física, eram todos bonzinhos”, conta o estudante Antônio Marcili Cândido.
[São Carlos] Os novos caminhos da educação no campo passam por pontes, buracos, pó e lama. Sozinho, Cauã, de 6 anos, espera pelo ônibus. Ele é o primeiro a ser recolhido na linha mais longa do transporte escolar de São Carlos. Durante o trajeto, o menino ganha a companhia dos colegas. Durante a demorada viagem, são 16 paradas. “Cansa muito. Tem muito barulho e quando passa caminhão de cana fica muita poeira”, diz a estudante Isabela Chel. Cauã e os colegas estudam no distrito de Santa Eudóxia. Depois de duas horas e meia de buracos, poeira e calor, o ônibus vai deixando as crianças em três escolas rurais. O motorista do ônibus, José dos Reis Rodrigues, roda 85 quilômetros diariamente. As condições do veículo melhoraram, mas ainda é um castigo para as crianças. “Toda semana pelo menos um fica ruim do estômago aqui”, conta.
[Política educacional fecha escolas rurais] O professor Luis Bezerra Neto é especialista em educação no campo e coordena o curso de Pedagogia na Terra na Universidade Federal de São Carlos (UFScar). Ele é um crítico da política que fecha escolas rurais e transportam estudantes para a cidade. “A criança deve ter a educação onde ela mora, seja numa floresta, numa fazenda, ou qualquer outro lugar. Ele não pode se deslocar e estudar em outra região.”
Dados da Secretaria da Educação mostram que há dez anos havia mais de mil escolas rurais no Estado de São Paulo. Hoje, não chegam a trezentas. A escola no distrito de Silvânia, em Matão, é uma das que resistiram ao tempo e à diminuição da população no campo. O distrito tem apenas 250 habitantes. Quando as colônias foram demolidas, sessenta famílias foram embora.
“Tinha muito movimento aqui na época das fazendas, das colônias... E a escola era lotada!”, diz a aposentada Clara Capparelli Bastia, que viu as transformações acontecerem.
De acordo com o último senso do MEC, 86% das escolas do campo são municipais. Quando há o envolvimento da comunidade, a educação no campo dá frutos. O exemplo está em Araraquara, no assentamento Bela Vista, onde 180 alunos estudam.
O projeto pedagógico aproxima o ensino da realidade da roça. A aprendizagem começa em classe e continua fora da sala. A aula sobre plantas medicinais é feita na horta. Da horta para a cozinha, as professoras ensinam receitas com as verduras e legumes que os alunos plantam.
O professor Reginaldo Anselmo Teixeira dá aulas no assentamento há onze anos. Ele começou os estudos no local, foi para a faculdade, fez mestrado e voltou. O currículo dele prova que o ensino no campo é capaz de transformar. “Não só dá pra ter escola no campo, como dá pra ter escola de qualidade. que trabalhe com os conteúdos do campo, que valorize o campo, que fixe o homem do campo no campo. dá pra ter essa escola, uma escola emancipadora, libertária. Aqui é a prova disso!” (Foto: EPTV/divulgação)



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