Privilégio, se existir, deve acontecer em função da gravidade do caso e jamais do local de moradia do paciente |
:: Por Welson
Gasparini ::
Em Ribeirão Preto, nos últimos dois anos, o número de
transplante de fígado foi reduzido para menos da metade em função da mudança,
determinada pelo governo do Estado, dos critérios para escolha dos beneficiados.
No ano de 2009, no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto
foram realizados 40 transplantes de
fígado; nos dois anos seguintes, os números despencaram: em 2010 foram apenas 14 e, em 2011, 16.
Tais números – conforme divulgado pela imprensa ribeirãopretana
– foram fornecidos pela Coordenadoria de Transplantes de Fígado de
Ribeirão Preto, reafirmando como
principal causa dessa brutal
queda a mudança de critérios na
definição dos pacientes para receber o transplante, privilegiando os da região
da Grande São Paulo.
O Coordenador do Grupo de Transplante de Fígado do Hospital
das Clínicas de Ribeirão Preto, Orlando de Castro e Silva, atribui a queda
aos critérios de seleção dos pacientes
motivada, a partir de 2010, pela unificação da lista de transplante.
Nos últimos dois anos,
o número de pacientes necessitados de transplante de fígado do interior,
em relação aos da capital, mais do que
dobrou, gerando assim uma justa revolta contra o atual sistema e uma
justa reivindicação de mudança no critério
vigente.
Mudança causa prejuízos aos moradores do Interior do Estado - Sabemos que a Secretaria Estadual de Saúde está analisando
os números para serem utilizados visando
rediscutir o sistema implantado, com grande prejuízo para os moradores
do interior do Estado.
Ribeirão Preto sediou, recentemente, duas reuniões da Câmara Técnico-científica
de Transplante de Fígado, uma nacional e outra paulista, tendo como tema principal
a descentralização do sistema de transplantes.
O Ministério da Saúde, segundo estamos informados, adota uma
política de descentralização de transplantes.
Através de pronunciamento
da tribuna da Assembleia Legislativa fiz um apelo ao Secretário da Saúde do Estado Giovani Guido
Cerri e ao Governador do Estado Dr. Geraldo Alckmin, para uma revisão do sistema atual, voltando ao
praticado até 2010.
Em se tratando de um problema grave de saúde não há porque
se privilegiar o interior ou a capital; o privilégio, se existir, deve
acontecer em função da gravidade do caso
e não, jamais, do local da moradia do paciente.
Welson Gasparini é deputado estadual, advogado e ex-prefeito
de Ribeirão Preto.
(Fotos: Divulgação/AE Notícias e arquivo pessoal)