Reforma no Cemitério Municipal (foto) prevê construção de 654 jazigos e 388 ossuários, segundo a Prefeitura Municipal |
[3/11 - www.mococa24horas.com.br] As agências de notícias
estão informando, de acordo com estudo do geólogo e mestre em engenharia
sanitária, Lezíro Marques Silva, que 7 em cada 10 cemitérios públicos
brasileiros têm problemas de ordem ambiental e sanitária. O levantamento feito
pelo pesquisador, que é professor da Universidade São Judas, em São Paulo, foi concluído em 2011 e reúne dados de mais
de mil cemitérios do Brasil, entre públicos e privados.
Segundo o mestre em engenharia sanitária, Lezíro Marques
Silva, os problemas começam na superfície com a proliferação de animais vetores
de doenças e continuam no subsolo com a contaminação do lençol freático.“Se o
necrochorume escapa do túmulo, ele pode entrar em contato com o lençol
freático, criando uma mancha de poluição que atinge quilômetros de distância a
ponto de contaminar poços e rios”, explica. O necrochorume é um líquido formado
durante a decomposição de cadáveres enterrados, similar ao gerado pelos
resíduos sólidos em aterros sanitários. “Ele é rico em substâncias tóxicas como
putrecina, cadaverina e alguns metais pesados”, explica o mestre. Lezíro
informa que a contaminação do lençol freático ocorre em quase a totalidade dos
cemitérios públicos com problemas ambientais e sanitários. Ele destaca que a
saturação desses equipamentos públicos agravam ainda mais os prejuízos
provocados por essas condições. “Com o esgotamento da capacidade de
sepultamento, o que sobra são terrenos do ponto de vista geológico inadequados,
como lençol freático raso, área de várzea e morro”, critica.
Já a pesquisa desenvolvida por Lezíro Marques resultou no
desenvolvimento de substâncias capazes de neutralizar o necrochorume, reduzindo
o nível de contaminação. “A grande meta é não permitir que o líquido
extravase”, destacou. Para tanto, foi criada uma espécie de colchão a ser
colocado na sepultura, o qual possui um líquido que elimina os efeitos dos
poluentes. Uma ação semelhante é conseguida por uma substância que lava o
subsolo retirando o necrochorume. “Tem solução, mas pouco é feito”, avalia.
O geólogo destaca ainda a necessidade de uma legislação mais
específica, que oriente a construção de lajes de contenção e obrigue uso de
substâncias neutralizadoras do necrochorume.
Construção de cemitérios sem critérios - O professor Walter
Malagutti, do Departamento de Geologia da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), que também desenvolve pesquisa na área, explica que não havia a
preocupação de observar os critérios geológicos para construção de cemitérios.
“Pode ocorrer de alguns terem sido implantados em locais inadequados. Muitos
estão em áreas nobres, como as regiões centrais.”
Ele avalia que o ideal seria considerar os mesmos critérios
dos aterros sanitários, como lençol freático mais profundo possível, rocha
impermeável e distância dos centros urbanos, para construção de cemitérios.
Walter Malagutti explica ainda que os cemitérios são fonte
renovável de contaminação, pois, diferentemente dos aterros, eles não costumam
ser desativados. “Pela legislação brasileira, depois de cinco a sete anos,
quando ficam só ossos, eles são removidos e colocado outro corpo no local”,
relata. Segundo o professor da Unesp, um diagnóstico ambiental dos locais de
enterro já existentes e a observação de critérios geológicos para a implantação
de novos cemitérios são algumas medidas para amenizar a situação.
Cremação preserva meio físico - Os pesquisadores concordam
que a cremação seria a solução mais adequada para a preservação do meio físico.
Eles avaliam, no entanto, que a questão cultural é o principal empecilho para o
uso da técnica. “A cremação é muito incipiente no Brasil. E isso não tem a ver
diretamente com o custo. Enquanto se paga entre R$ 350 e R$ 400 para cremar um
corpo, o enterro mais simples custo no mínimo R$ 2 mil. É uma questão
cultural”, avalia Lezíro. (Foto: mococa24horas)
O
conteúdo deste site esta licenciado sob (This work is licensed under a)
Creative Commons Atribuição-No Derivative Works 3.0
Brasil License.
Permitida a reprodução, apenas
se citadas a fonte e autoria