Campanha estimula a paz e não o ódio |
:: Por Welson Gasparini ::
Com o objetivo de
sensibilizar a sociedade brasileira para a prevenção de homicídios cometidos
por impulso, a campanha “Conte até 10” ,
lançada no último dia 8 pela Estratégia
Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp) e pelo Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP), merece não apenas o meu total apoio mas, também, o
apoio de todas as pessoas sensatas deste
país.
“Contar até 10”
pode, inquestionavelmente, evitar atitudes e reações violentas contra a vida em
situações de conflito. Estrelada por lutadores renomados do Ultimate Fighting
Championship (UFC), como os campeões mundiais Anderson Silva (peso-médio) e
Júnior Cigano (peso-pesado), e os judocas Sarah Menezes, campeã olímpica em
2012, e Leandro Guilheiro, duas vezes campeão olímpico, essa campanha, lançada
em tão boa hora, estimula a paz e não o
ódio. Os atletas, eis outro detalhe significativo, não cobraram cachê para
participar da campanha, pois se sentiram identificados com os objetivos
propostos.
Foram produzidos vídeos, jingles e cartazes para orientar
professores sobre como tratar o tema da campanha em sala de aula. Também serão
realizadas visitas a escolas públicas em todo o Brasil, em parceria com os
Ministérios Públicos estaduais e demais integrantes da Enasp. O material
didático sobre o tema está sendo elaborado em parceria com o Ministério da
Educação (MEC).
Contar até 10 é dar tempo para o impulso violento - Um
estudo inédito sobre as motivações dos homicídios cometidos entre 2011 e 2012
em 11 estados brasileiros, a partir de dados das Secretarias de Segurança
Pública, foi apresentado durante o lançamento da campanha, mostrando números
assustadores da proporção dos assassinatos decorrentes de ações impulsivas.
Contar até 10 é dar tempo para o impulso violento passar, é
dar tempo para uma reação comedida, é dar tempo para o cidadão se recompor.
Quantas vezes, no nosso cotidiano, a gente não sente vontade
de xingar ou agredir diante de um insulto ou uma provocação? É importante, até
para preservar a vida, que a raiva passe e o bom senso se restabeleça...
O contar até 10 também vale para o próprio ambiente
doméstico onde, muitas vezes, pais e filhos se estranham pelos motivos mais
fugazes.
Banalização da violência = mortes - No Brasil, milhares de pessoas são mortas, todos os anos,
por impulso ou motivos fúteis; brigas de trânsito ou desentendimentos entre
vizinhos, muitas vezes, têm desdobramentos fatais...
O alvo da campanha são os homicídios ocorridos em função da
banalização da violência, da falta de tolerância, da ação impensada no momento
da raiva. São casos, muitas vezes, de pessoas que nunca haviam matado antes e, por perderem a cabeça numa situação de
conflito, cometem o crime.
As peças produzidas
serão veiculadas em jornais e revistas, mídias digitais, incluindo as
redes sociais. Segundo o CNMP, o material será veiculado gratuitamente por mais
de 26 emissoras de televisão nacionais e regionais, abertas e a cabo, 115
rádios em todo o país, 35 revistas e 40 jornais, além de portais de internet.
De acordo com o Mapa da Violência 2012, divulgado pelo
Ministério da Justiça, foram registrados 49.932 homicídios no Brasil em 2010. O
número representa média de 26,2 assassinatos para cada grupo de cem mil
habitantes, colocando nosso país entre os
mais violentos do mundo. Segundo levantamento do CNMP, entre 2011 e
2012, os homicídios por impulso e por motivo fútil representaram entre 25% a
80% dos crimes cometidos, dependendo do estado.
Precisamos, urgentemente, reverter esse quadro e o primeiro
passo, muito simples, é este:
“Conte até 10” ...
É uma questão de parar, pensar, refletir sobre o valor da
vida e não agir impulsivamente...
Welson Gasparini é deputado estadual/PSDB, advogado e
ex-prefeito de Ribeirão Preto.
(Fotos: divulgação e arquivo pessoal)