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Rio Pardo apresenta queda na qualidade de água

APPs em boas condições entre Mococa e Casa Branca
e entre Cajuru e Santa Rosa de Viterbo
(Foto: Cecília Bastos/USP Imagens/Divulgação) 

| Por Camila Ruiz, da Agência USP de Notícias |
 
(30/7/2013 - www.mococa24horas.com.br) Em pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, a bióloga Carolina Freitas Sampaio percorreu 550 quilômetros (km) do rio Pardo, entre os Estados de Minas Gerais e São Paulo, e avaliou ambientalmente doze trechos diferentes.  Os resultados do estudo apontam que apesar da diminuição das Áreas de Preservação Permanente (APPs), o Pardo apresenta boas condições de habitats disponíveis a várias espécies e uma sensível diminuição da qualidade físico-química da água em 33,3% dos trechos avaliados.
“Nos trechos próximos às cidades de Ribeirão Preto e Barretos, no Estado de São Paulo, e Ipuiúna, em Minas Gerias, onde foram verificadas atividades humanas nas margens do rio, e onde havia redução nas áreas de preservação, a qualidade da água foi inferior quando comparada aos trechos onde havia vegetação preservada”, revela a bióloga.
A pesquisa conduzida pela bióloga teve como objetivo avaliar as condições ambientais no rio Pardo por meio de três métodos distintos: caracterização das Áreas de Preservação Permanente (APP); avaliação da integridade dos habitats; monitoramento de parâmetros físico-químicos da água. Dos 550 km percorridos, foram analisados 12 trechos, entre março de 2011 e janeiro de 2012.
O rio Pardo nasce no município de Ipuiúna, no leste do Estado de Minas Gerais, passando entre a Serra do Cervo e pelo município de Poços de Caldas, ainda em Minas Gerais. Mas 84% do seu curso está no Estado de São Paulo, percorrendo os municípios de Caconde, São José do Rio Pardo, Mococa, Jardinópolis, Ribeirão Preto, Sertãozinho, Viradouro e Barretos, até desembocar no rio Grande, na divisa entre São Paulo e oeste de Minas Gerais.
Integridade dos habitats - A avaliação da integridade dos habitats foi considerada com boas condições, de acordo com o protocolo utilizado, em quase 100% dos trechos do rio Pardo analisados na pesquisa. O protocolo avaliou as características do corpo d’água através de 10 parâmetros, como substratos de fundo, estabilidade das margens, erosão, preservação das matas ciliares, dentre outros.
Entretanto, as menores pontuações foram em relação à diversidade de substratos de fundo, como pedras, cascalho ou galhos submersos. Além disso, a conservação da vegetação do entorno do rio Pardo também foi apontada como crítica em alguns trechos analisados. “Isso gera condições desfavoráveis à colonização da fauna aquática e pode afetar a biodiversidade, diminuindo os refúgios dos organismos aquáticos, seus habitats e áreas de reprodução”, afirma Carolina.
Quanto aos parâmetros físico-químicos, a pesquisadora diz que “eles são atualmente as ferramentas mais utilizadas no monitoramento da qualidade da água em rios”. Nesse quesito foi analisado o pH da água, que exerce efeitos sobre a fisiologia de diversas espécies aquáticas, a temperatura, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e a turbidez, que está relacionada com a passagem de luz pela camada da água.  No trecho correspondente à foz do rio Pardo e encontro com o rio Grande na cidade de Colômbia (SP), verificaram-se valores menores de oxigênio dissolvido na água. “O oxigênio dissolvido é essencial para a preservação da vida aquática, já que vários organismos, como os peixes, por exemplo, precisam de oxigênio para respirar”.
Em quatro trechos, sendo eles a nascente do rio, as cidades de Ipuiúna, São José do Rio Pardo e Serrana, o pH da água estava menor que nos demais trechos analisados, principalmente no período chuvoso. Com o aumento das chuvas, aumenta também o transporte de matéria orgânica das margens para o leito do rio, e a decomposição da matéria orgânica pode diminuir o pH da água. Mudanças no pH podem aumentar o efeito de substâncias químicas que são tóxicas para os organismos aquáticos, como os metais pesados, por exemplo.
Áreas de preservação - Em dez trechos avaliados no trabalho, exceto entre as cidades de Mococa e Casa Branca, e Cajuru e Santa Rosa de Viterbo, as APPs eram menores.  A pesquisadora diz que foram encontradas modificações nas APPs, como “pastagem, plantações de cana de açúcar, áreas residenciais, área de lazer privada”.  Segundo Carolina, essas atividades podem afetar as condições ambientais das APPs e comprometer a biodiversidade nesse curso da água, afetando na variedade de espécies do rio.
Como melhoria, sugere-se a “preservação e recomposição da vegetação ciliar, visando à preservação dos habitats e a qualidade ambiental do rio Pardo” afirma Carolina. Os resultados indicam que, apesar de apresentar boas condições em quase 90% dos trechos analisados, alguns fatores podem ser melhorados visando à qualidade ambiental. Dentre essas melhorias está o tratamento adequado de efluentes industriais e urbanos, sensibilização da população sobre o destino correto dos resíduos sólidos e gestão dos resíduos sólidos urbanos por parte do setor público.
A dissertação “Avaliação ambiental do rio Pardo, Brasil: ênfase para Áreas de Preservação Permanente, ecossistemas aquáticos superficiais e condições físico-químicas da água” foi orientada pela professora Susana Inés Segura-Muñoz e defendida em janeiro de 2013, na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP.



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