"Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão", diz papa Francisco (Foto: reprodução da Internet) |
| Por Welson Gasparini |
A semana vivida pelo Papa Francisco no Brasil
representou um verdadeiro marco para o catolicismo pela clareza, firmeza e
cordialidade do sumo pontífice em todos os seus contatos com os brasileiros de
todas as idades. É, realmente, o papa de um novo tempo para a Igreja, de uma
igreja mais engajada socialmente e mais identificada com os problemas do mundo
atual.
Se já admirava o Papa pelo seus exemplos de vida, pela
simplicidade que marca o início do seu
papado, passei a admirá-lo mais ainda quando o vi concedendo uma entrevista na
qual conceitua o papel do cristão como elemento transformador da própria
sociedade na qual está inserido. Indagado, nessa entrevista, por alunos de escolas jesuítas sobre o papel
político do cristão, assim Francisco conceituou-o:
“Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão.
Nós, os cristão, não podemos fazer de Pilatos e lavar as mãos, não podemos!
Temos de nos meter na política, porque a política é uma das formas mais altas
de caridade, porque busca o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar na
política”.
Sobre a sujeira na política, Francisco afirmou e
questionou: “A política está muito suja, mas eu pergunto: “está suja por que?”
E respondeu com outra indagação: “porque os cristãos não se
meteram nela com espírito evangélico? É a pergunta que eu faço. É fácil dizer
que a culpa é dos outros... Mas eu, o que eu faço? Isto é um dever! Trabalhar
para o bem comum é um dever do cristão.”
Não é uma beleza a afirmativa: “trabalhar para o bem comum é
um dever do cristão?”
Percebo, assim, uma identidade entre o pensamento papal e a
filosofia que venho adotando e preconizando desde o início da minha militância
política: o bom não pode se omitir
porque é a omissão do bom que favorece a ascensão do mau.
O cristão não pode, pois, agir como Pilatos e lavar as mãos
diante das injustiças e dos desmandos, sejam eles quais forem e venham de onde
vierem. O cristão deve, sim, intervir e agir construtivamente no sentido de
ensejar a criação do mundo melhor ao qual fazem jus todos os habitantes deste
planeta.
As lições de Francisco, as intenções de Francisco,
entendo, não podem se perderem ou
permanecerem apenas como intenções; devem, sim, serem aplicadas com fervor
militante pelo verdadeiro cristão que deve, sempre, buscar o melhor no outro
dando o melhor de si...
Welson Gasparini é deputado estadual/PSDB, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto.