Aprovado arquivamento do projeto da "cura gay" (Foto: reprodução) |
| Por Débora Santos Gonçalves, da AUN/USP |
(2/7/2013; atualizada em 3/7 - www.mococa24horas.com.br) A discussão em torno do Projeto de Decreto Legislativo
234/11, do deputado tucano e coordenador da Frente Parlamentar Evangélica João
Campos, no qual o tratamento e cura da homossexualidade são defendidos, gerou
manifestação do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Para o órgão, o
estabelecimento desta orientação sexual como doença se enquadra no processo de
medicalização da vida, que coloca como patológicas questões de ordem social ou
cultural. O projeto de Campos pretende rechaçar a Resolução 1/99 do Conselho,
que impede psicólogos de colaborarem com serviços que sugiram correções para a
homossexualidade e, também, de se pronunciarem publicamente sobre o assunto,
para que preconceitos não sejam incentivados. A aversão do CFP ao Projeto, bem
como a sua defesa da laicidade do Estado, foram apresentados no debate
“Terapias de reversão: há cura para quem não está doente?” pelos representantes
do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo Ana Ferri e Luís Saraiva.
Conforme o psicólogo Luís Saraiva, a medicalização toma
processos amplos, de abrangência social, e os situa na esfera individual. Deste
modo, exime o poder público de suas responsabilidades, transferindo-as aos
próprios sujeitos; reduz fenômenos sociais, culturais, políticos e econômicos à
questão biológica. Saraiva afirma que isso despolitiza as discussões, na medida
em que se atém à ideia de que algo é normal ou é patológico, ele fala na
imposição de níveis de normalidade. A questão da “cura gay” se encaixaria,
assim, neste processo de medicalização, que não implica necessariamente na
utilização de medicamentos. A própria psicologia é capaz de “medicalizar” sem
usar remédios, segundo o psicólogo.
Tendo em vista o Projeto de Campos, Saraiva atenta para a
agressão à laicidade do Estado provocada pelo fundamentalismo religioso. Ele
aponta que isso se agrava porque “discursos de ódio são feitos tranquilamente
justificados pela liberdade de expressão”. Sendo assim, a campanha “Não há cura
para quem não está doente”, do CFP, visa a combater o Projeto por meio do
diálogo com a população e a discutir o espaço que a religião ocupa na política
atualmente. Isso porque, para o deputado João Campos, a Resolução 1/99 do
Conselho, que impede o tratamento da homossexualidade, teria ultrapassado os
limites do poder do órgão de regulamentar o exercício da psicologia. O político
indica o prejuízo na autonomia de parcela da população homossexual que gostaria
de mudar a sua condição.
Sexualidade - A psicóloga Ana Ferri explica que a
“sexualidade é fluida”, isto é, ela não é preestabelecida. Portanto, pode
sofrer variações ao longo do tempo, o que possibilita que os indivíduos se
interessem, de forma intercalada ou não, por pessoas tanto do mesmo sexo quanto
do sexo oposto. De acordo com a psicóloga, o processo de psicoterapia não
influenciaria sobre isso, poderia mesmo trazer mais sofrimento ao indivíduo, e
a previsão taxativa de resultados vai contra o código de ética do psicólogo.
Ana, que coordena a Comissão Sexualidade e Gênero do
Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, aponta também que a Resolução do
Conselho Federal surgiu em oposição aos psicólogos que ofertavam serviços de
cura da homossexualidade. Mas que ela não impede, no entanto, que qualquer
pessoa, independente da orientação sexual, receba atendimento psicológico. Na
visão da psicóloga, este processo de “‘patologização’ da homossexualidade” está
relacionado à construção social de gêneros, que deve ser despolitizada para que
todos sejam livres para ser como são.
(Foto: Fernando Frazão/ABr) |
Câmara dos Deputados aprova arquivamento do projeto "cura gay"
(2/7/2013; atualizada em 3/7 - www.mococa24horas.com.br) A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 2, requerimento para retirada da tramitação do projeto da "cura gay", de autoria do deputado e pastor evangélico, João Campos/PSDB-GO, que alterava resoluções do Conselho Federal de Psicologia, que proíbem que profissionais participem de terapias para alterar a identidade sexual do paciente ou que tratem a homossexualidade como doença.
Com a medida, a proposta não poderá ser reapresentada este ano, mas projeto semelhante poderá ser apresentado em 2014, uma vez que seu mérito não foi rejeitado.
Com a medida, a proposta não poderá ser reapresentada este ano, mas projeto semelhante poderá ser apresentado em 2014, uma vez que seu mérito não foi rejeitado.
A decisão pelo arquivamento foi tomada pelo partido do deputado goiano, o PSDB, depois da onda de manifestações, algumas delas contra a "cura gay".
A proposta da "cura gay" foi aprovada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, presidida pelo deputado federal e pastor, Marco Feliciano/PSC, que nas eleições de 2010 teve 918 votos em Mococa (Fonte: TSE), no ápice das ondas de protesto que tomaram conta do País na segunda quinzena de junho. Segundo as agências de notícias, o deputado Marco Feliciano prometeu nas redes sociais retomar o projeto da "cura gay" na próxima legislatura (2015-2018), já que entende que a bancada evangélica será ainda mais numerosa.
A proposta da "cura gay" foi aprovada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, presidida pelo deputado federal e pastor, Marco Feliciano/PSC, que nas eleições de 2010 teve 918 votos em Mococa (Fonte: TSE), no ápice das ondas de protesto que tomaram conta do País na segunda quinzena de junho. Segundo as agências de notícias, o deputado Marco Feliciano prometeu nas redes sociais retomar o projeto da "cura gay" na próxima legislatura (2015-2018), já que entende que a bancada evangélica será ainda mais numerosa.
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Permitida a reprodução apenas se citadas a fonte e autoria: www.mococa24horas.com.br
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