Destruição deverá ocorrer daqui a 5 bilhões de anos |
| Por Filipe Delia, da AUN/USP |
(10/7/2013 - www.mococa24horas.com.br) Mas isso só em cinco bilhões de anos. Walter Maciel,
pesquisador do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da
USP (IAG), estuda há vários anos a estrutura e evolução estelar, destacando os
mecanismos de perda de massa das estrelas que dão origem ao fenômeno do vento
estelar.
Estrelas possuem dois caminhos evolutivos comuns possíveis.
O primeiro consiste na perda contínua de massa pelos resíduos liberados das
reações nucleares (quatro moléculas de Hidrogênio se fundem em uma de Hélio,
liberando dois pósitrons, dois neutrinos e muita energia) até se transformar em
uma gigante vermelha. O Sol, quando nesse estágio, será maior que as órbitas de
Mercúrio e Vênus, tendo um raio duzentas vezes maior que o atual. O estágio
seguinte consiste em uma contração do núcleo que ejeta o material externo,
resultando na formação de nuvens de hidrogênio, poeira e plasma (nebulosa),
deixando ao centro uma Anã Branca (núcleo pequeno e bastante luminoso, mas sem
grandes temperaturas) até perder sua luminosidade e se tornar uma Anã Negra.
Estrelas com até dez massas solares têm esse destino.
O segundo acontece com estrelas massivas (com mais de dez
massas solares), a perda de massa no final da vida é um fenômeno mais rápido e
dramático, há uma enorme liberação de matéria em uma explosão com a energia
acumulada do centro, fenômeno conhecido como supernova. Ainda como resultado,
essa supernova pode originar um Buraco Negro ou uma Estrela de Nêutrons, ambos
os corpos compactos e supermassivos, com intensos campos gravitacionais.
Vento Estelar é o nome dado para definir esse processo de
transferência de matéria, energia e quantidade de movimento das estrelas para o
meio interestelar de forma contínua. O vento é um fenômeno comum das estrelas,
todas estão sujeitas a perda de massa resultado das reações em seu núcleo. É
uma emissão de partículas, uma extensão das camadas mais externas da estrela.
Essas evidências são facilmente estudadas nas próprias
emissões do Sol. O vento solar, assim especificado, é visível em imagens de
diversas linhas e comprimentos de ondas (Ultra Violeta, raios-X, H-Alpha, entre
outras) e como responsável por caudas iônicas de cometas, que são íons
empurrados pelas partículas do vento. O vento solar é mais que suficiente para
varrer a atmosfera terrestre para o espaço, mas o campo magnético nos protege
direcionando o vento para os pólos magnéticos, o que gera o conhecido fenômeno
da Aurora Boreal. Contudo, esse processo é muito lento no caso do Sol. A perda
de massa pelos ventos resultou em apenas 0,0001 a menos da sua
massa original durante seus quatro bilhões de anos de vida.
Estudos detalhados do vento solar só foram possíveis quando
satélites artificiais passaram a medir diretamente as propriedades do espaço
interplanetário, o que inclui medidas da intensidade do campo magnético
interplanetário, da densidade e velocidade do vento solar. Maciel destaca como
dois exemplos importantes as sondas Mariner II que, em 1962, detectou e mediu
as velocidades do vento solar, e Ulysses, que observou a região dos polos
solares em 1994. (Fotos: divulgação; vídeo: YouTube/divulgação)
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