:: Por Antoninho Marmo Trevisan ::
Quase profética! É assim que
poderíamos definir a letra da antológica marchinha carnavalesca Yes, nós temos
bananas, de Alberto Ribeiro e Braguinha, gravada por Almirante em 1938:
“Bananas pra dar e vender (...). Vai para a França o café, pois é. Para o Japão
o algodão, pois não. Pro mundo inteiro, homem ou mulher, bananas para quem
quiser (...). Somos da crise. Se ela vier, bananas para quem quiser”.
Basta fazermos uma simples abstração
e conferirmos uma definição ampliada à nossa maravilhosa fruta tropical, para
entendermos o porquê do bom desempenho brasileiro nas crises internacionais de
2008 e 2009 e, pelo que tudo indica, no infortúnio econômico atual da Europa e
na performance descendente de imensos mercados compradores, como os
Estados Unidos, Japão e até a China. As medidas anticíclicas adotadas na
primeira onda contribuíram muito para que nosso país fosse o primeiro a emergir
do pântano recessivo e passasse a estabelecer, nos anos seguintes, seus
recordes de emprego formal, produção e venda de numerosos produtos.
Também valeu muito, à época,
a maneira tranquila e confiante do ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva de
cunhar a crise como “marolinha”, inflando a autoestima dos brasileiros. A cena
repete-se no discurso proferido pela presidente Dilma Rousseff, ao afirmar que
“o País está 300% preparado para enfrentar a presente crise internacional”. De
fato, bananas para isso não nos faltam: nossas reservas cambiais aproximam-se
de 400 bilhões de dólares, o sistema financeiro está sólido e saudável e a
retenção dos depósitos compulsórios no Banco Central permite adequada
flexibilidade na liquidez da economia.
Assim, sem riscos para a estabilidade, a redução das
alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidentes sobre o
crédito para pessoa física, as menores alíquotas do Imposto sobre Produto
Industrializados (IPI) na venda de veículos e a redução das taxas de juros do
Programa de Sustentação de Investimento (PSI) deverão contribuir para melhorar
a oferta de crédito, a retomada do setor de veículos, responsável por 20% do
PIB da indústria de transformação, e estimular os investimentos produtivos.
Somam-se a isso a redução dos juros que vem sendo efetuada e a atenuação da
sobrevalorização do Real, que recupera um pouco a competitividade da indústria.
Assim, retórica política à parte, como a “marolinha” de Lula e os “300% preparados” de Dilma, a verdade é que o Brasil deverá enfrentar de modo positivo o novo fluxo de desventura da instável economia globalizada. Para isso, como diriam Braguinha e Alberto Ribeiro, temos bananas... soja, carne, etanol, petróleo, aviões, automóveis, agronegócio, indústria e serviços avançados e o mais importante: empresários e trabalhadores com muita disposição para a luta. “Somos da crise. Se ela vier, bananas para quem quiser".
Assim, retórica política à parte, como a “marolinha” de Lula e os “300% preparados” de Dilma, a verdade é que o Brasil deverá enfrentar de modo positivo o novo fluxo de desventura da instável economia globalizada. Para isso, como diriam Braguinha e Alberto Ribeiro, temos bananas... soja, carne, etanol, petróleo, aviões, automóveis, agronegócio, indústria e serviços avançados e o mais importante: empresários e trabalhadores com muita disposição para a luta. “Somos da crise. Se ela vier, bananas para quem quiser".
Antoninho Marmo Trevisan é
presidente da Trevisan Escola de Negócios e membro do CDES - Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.
(Fotos: reprodução e arquivo pessoal/divulgação)