::
Por Welson Gasparini ::
É incrível vermos o ponto a que chegou a
Educação, em nosso país, em todos os níveis, do fundamental ao superior. Já
comentei, em artigos anteriores, o surrealismo vigente: a escola finge que ensina, o aluno finge que aprende...
Li, na revista do Conselho Regional de Medicina
do Estado de São Paulo, artigo assinado pelo presidente desse órgão, dr. Renato
Azevedo Júnior, com uma informação
impressionante: “Há sete anos, o Cremesp realiza uma prova opcional e
voluntária para os graduandos de escolas médicas paulistas. Pois bem: quase metade dos alunos prestes a entrarem no
mercado de trabalho revelou-se mal preparada. Foram reprovados 46.7% dos que
fizeram essa prova opcional.”
Vejam bem: só fez essa prova quem, voluntariamente, quis fazer, porque não era obrigatória. Bacharéis em Medicina voluntariamente
aceitaram fazer a prova do Cremesp - Conselho Regional de Medicina - e
praticamente metade foi reprovada.
Diz ainda, em seu comentário, o Dr. Azevedo Júnior: “na última década,
aumentou em 300% a quantidade de processos contra médicos, no Conselho Regional
de Medicina, relacionados à más práticas, erros médicos ou infrações éticas e
isto, em grande parte, devido à má
formação profissional, gerando sérios
riscos à saúde e à vida da população.”
Em recente resolução, o Cremesp tornou obrigatória a
realização e a participação nesse exame. Só tem um detalhe: quem for reprovado pode exercer a Medicina
tranquilamente. Ele não vai ser impedido de exercer a Medicina porque, aí, precisaria uma lei federal estabelecer isso,
como acontece com os bacharéis em Direito...
Muitos dos cursos de medicina espalhados por este nosso
Brasil imenso colocam verdadeiramente em risco a saúde, conforme salienta o
próprio presidente do CREMESP, devido currículos inadequados, turmas com grande número de alunos, corpo
docente insuficiente e sem qualificação, ausência de hospital-escola, aprovação
automática e sem garantia de vagas na Residência Médica.
A má formação dos médicos,
indiscutivelmente, um risco para a saúde pública, exige uma reação da
própria sociedade brasileira. Fui designado, pelo líder da minha Bancada - PSDB - para integrar
a Comissão de Educação e Cultura da ALESP e pretendo alguma ação no sentido de colaborar
para reverter esse quadro danoso: na primeira reunião da qual participar vou propor aos demais membros convidar pessoas
como o presidente do Conselho Regional de Medicina para mostrar a realidade do ensino universitário no País e
quais providências poderiam ser adotadas para
mudar toda essa situação.
Falamos, com muito orgulho, da quantidade das faculdades que
temos – no Brasil, por exemplo, há mais faculdades de Medicina do que na China
e nos Estados Unidos – mas nos esquecemos de focalizar o padrão de
qualidade verdadeiramente, vergonhoso,
tornando o médico uma ameaça à saúde do seu próprio paciente...
Welson Gasparini é deputado estadual/PSDB, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto.
(Fotos: reprodução e arquivo pessoal)
(Fotos: reprodução e arquivo pessoal)