Após 35 anos da sua morte, Elvis Presley, o lendário Rei do
Rock e ícone cultural americano, se consagra como um fenômeno mercadológico e
também como uma marca de sucesso muito rentável.
A soma das vendas de seus produtos e licenciamentos renderam
no ano passado 55 milhões de dólares segundo o fúnebre ranking da Forbes “The
Top-Earning Dead Celebrities”. Por curiosidade, Elvis vinha liderando esse
ranking desde o seu lançamento em 2000, caindo para segundo lugar logo após as
mortes de Kurt Cobain e Michael Jackson, hoje o primeiro colocado da lista.
O que mais impressiona é que no ano de 2000, a marca Elvis lucrou
20 milhões a menos do que hoje. Muitas dessas cifras devem-se às iniciativas de
marketing da Core Media Group, empresa que em 2005 comprou 85% dos direitos
sobre o nome e imagem, determinadas músicas e outras propriedades intelectuais
criadas por ou relacionadas a Elvis Presley, além das operações de Graceland, a
famosa mansão e museu do cantor em Memphis, no Tennessee.
O foco da Core Media Group, que também é dona do programa
American Idol, tem sido trabalhar Elvis Presley como uma atração contemporânea.
Um dos resultados desse trabalho é o espetáculo “Viva Elvis”, em parceria com o
Cirque du Soleil, que pode ser assistido no Aria Hotel em Las Vegas, cidade que
presenciou a volta do rei aos palcos no final dos anos 60.
As iniciativas de tornar a marca ainda mais valiosa
financeira e emocionalmente não param por aí. Elvis tem aparecido nas trilhas
musicais de comerciais como o do recente da ENEL Energy Services (maior
companhia de energia da Itália), em modelos comemorativos das guitarras Fender,
nas camisetas Dolce & Gabbana e em anúncios e exposições de itens na rede
de restaurantes Hard Rock Café. Para quem não se lembra, no ano passado ele foi
o garoto-propaganda do Dia dos Namorados da C&A em uma montagem realista e
impecável que mostrava Elvis contracenando com modelos brasileiras.
Por falar em Brasil, nosso país foi escolhido para receber
duas grandes atrações do universo Presley nesse semestre: em setembro, a
exposição “The Elvis Experience”, a primeira e maior mostra de itens pessoais
do cantor fora dos Estados Unidos e, em outubro, a apresentação “Elvis in
Concert”, onde os fãs poderão assistir as performances mais emblemáticas do rei
projetadas em telões de alta tecnologia, acompanhadas ao vivo por orquestra e
membros da sua antiga banda da década de 70.
Elvis não morreu - E quem diria que a marca teria algo a ver com crowdsourcing?
O branding Elvis é capaz de acompanhar as novas linguagens, criando um diálogo
permamente com as gerações. Recentemente, a campanha online “I Am An Elvis
Fan”, envolveu o público para escolher suas músicas favoritas, que iriam
integrar a primeira coletânea do cantor co-criada por seus fãs. Além de votar
em 3 músicas em uma categoria de 7 gêneros (anos 50, anos 60, country, trilhas,
românticas, gospel e ao vivo), a pessoa podia enviar sua foto para compor um
mosaico da imagem de Elvis para ser estampado na capa do álbum e em um pôster
comemorativo. A campanha obteve mais de 250 mil votos e gerou aproximadamente 8
mil uploads de fotos no site.
Em cada um desses pontos de contato, vemos o resultado de
uma personalidade de marca bem construída, que gera experiências absolutamente
inspiradoras e memoráveis, sem perder sua relevância ao longo de décadas.
Como se não bastasse ser um sucesso no mundo real, hoje a
marca Elvis tem mais de 70 mil downloads de aplicativos oficiais, 6 milhões e
500 mil fãs no Facebook, mais de 5 milhões de visitantes únicos por ano no site
oficial elvis.com, além de atividade significativa no Twitter, YouTube e demais
redes sociais. E para quem ainda duvida, definitivamente, essa é a prova em
números de que Elvis não morreu.
Daylton Almeida é diretor de Planejamento da agência DIA
Comunicação.
(Fotos: elvis.com/divulgação e arquivo pessoal)