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Vidas sugadas

Flávia, a mãe Odele, ao fundo, no computador
(Foto: Marcelo Min/reprodução)
Por Welson Gasparini

Li, com emoção, o belo depoimento prestado à “Folha”, através da jornalista ribeirãopretana Cláudia Colucci, pela secretária executiva aposentada Odele Souza, relatando o drama por ela vivido pelo fato de sua filha Flávia, 16 anos atrás, ter sido sugada pelo ralo da piscina do prédio onde moravam, em São Paulo. O título da matéria, por sinal, é bastante expressivo e já nos induz ao seu conteúdo: “Vidas Sugadas”. Aliás, nos seis primeiros dias deste ano, pelo menos três crianças morreram afogadas após terem o cabelo ou o braço sugado por ralos de piscinas.
O problema, quero crer, não é simplesmente o ralo: é, também, a falta de prevenção por parte dos pais e responsáveis por esses menores. São casos como a da Flávia e outros mais ocorrendo no país que me estimulam a continuar numa luta na qual me empenho desde o início do meu mandato: a criação,  na rede estadual de ensino, de um programa educacional de prevenção de acidentes na infância.
Esse drama de Flávia, atualmente com 26 anos e há 16 vivendo em estado vegetativo permanente – respira sem ajuda de aparelhos mas não fala, não se move, só se alimenta por sonda e todas as secreções precisam ser aspiradas – é de cortar o coração de qualquer pai ou de qualquer mãe.
É necessário, concordo com a depoente, uma lei para tornar mais seguras as piscinas do Estado e do país; mas é necessário também, fundamental mesmo, as crianças e os pais se conscientizarem dos riscos oferecidos não apenas pelas piscinas como, igualmente, pela própria vida.
Governador não leu projeto - Vou continuar insistindo no sentido dos meus colegas deputados e dos líderes dos diversos partidos derrubarem o veto do governador do Estado ao projeto de lei de minha autoria criando o Programa Educacional de Prevenção de Acidentes na Infância como atividade obrigatória na rede estadual de ensino.
Quero crer que o governador Geraldo Alckmin – cuja sensibilidade humana e social o coloca num patamar bastante elevado entre as lideranças políticas brasileiras – não leu o projeto e se baseou no parecer de algum assessor. Essa lei, mesmo aprovada por unanimidade pelos deputados, foi  vetada, assim,  porque um assessor entendeu não ser  atribuição da  Assembleia legislar sobre assunto de tão indiscutível relevância...
Reitero o ponto de vista que expressei naquela oportunidade: se é uma lei boa, bastaria vetá-la e encaminhar projeto, de autoria do próprio governador , para evitar  – através da prevenção – acidentes domésticos envolvendo crianças.  Esse programa educativo de prevenção de acidentes na infância, por outro lado, não oneraria os cofres públicos porque seria desenvolvido em reuniões de pais e mestres e no interior das salas de aula.


Welson Gasparini é deputado estadual/PSDB, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto.




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