Voto obrigatório e distribuição desigual do tempo do rádio e TV envergonham a democracia |
| Por Welson Gasparini |
Em pronunciamento recente na tribuna da Assembleia Legislativa eu focalizei a necessidade imperiosa de uma reforma na legislação eleitoral a partir de um fato, a meu ver, alarmante: a diferença de tempo de rádio e tevê entre os possíveis candidatos à presidente da República em 2014. Enquanto a presidente Dilma – já beneficiada pelo exercício do cargo e o direito de usar e abusar dos discutíveis "pronunciamentos à nação" – terá direito a 12 minutos enquanto seus adversários diretos somados (Aécio Neves e Eduardo Campos ) terão direito a menos da metade. Que democracia é esta onde um candidato – beneficiado pelas questionáveis coligações eleitorais – tem o dobro do tempo de rádio e tevê de seus concorrentes?
Grande parte do resultado das eleições advém da contratação
de bons marqueteiros e do uso inteligente do horário de rádio e tevê. A
diferença de tratamento entre os candidatos ao posto máximo deste País,
o de presidente da República, acaba contaminando também o resultado das
candidaturas a governadores, senadores e deputados.
Democracia,
entendo, é igualdade de oportunidades;
isto, infelizmente, a atual legislação eleitoral não possibilita. Daí eu entender, em relação à questão de
tempo para rádio e televisão, uma divisão equânime entre todos os candidatos;
só assim teríamos um pleito, efetivamente, democrático..
Alguns partidos, comprovadamente, vendem ou negociam o tempo
de televisão em troca de cargos ou benesses que acabam, mesmo, comprometendo a
própria governabilidade; quem ganha acaba sendo obrigado a fazer um loteamento
de seu governo entre os apoiadores. Um
País civilizado e democrático não
precisa, como acontece no Brasil, de mais de 30 partidos: cinco ou seis,
máximo, já são suficientes!!
Nas duas últimas eleições que disputei como candidato a
prefeito de Ribeirão Preto eu senti, na pele, as consequências dessa
distribuição desproporcional do tempo de rádio e tevê: na penúltima e na última
meu tempo foi menos da metade do destinado aos meus concorrentes diretos...
Fim da reeleição e voto facultativo já - Defendo, como premissas básicas, a divisão equânime do tempo
de rádio e tevê, mandato de seis anos e o final da reeleição. Quatro anos,
acredito, é um período muito curto para
um presidente da República, para um governador ou para um prefeito. A reeleição, por outro lado, é outro fator de desequilíbrio das eleições porque é inegável o poderio do
detentor do poder.
Outros pontos que não podem deixar de ser apreciados numa
efetiva reforma eleitoral seriam: a coincidência dos mandatos (impedindo o
carreirismo político); o estabelecimento do critério de eleições distritais
(com o Estado sendo dividido em distritos, barateando o custo da eleição e
facilitando a identificação do candidato com o eleitor) e, ainda, tornando
facultativo e não obrigatório o exercício do voto. Votariam, apenas, quem tivesse consciência da
importância do voto, com conhecimento dos candidatos e de suas propostas. O
voto obrigatório – assim como a distribuição desigual do tempo de rádio e tevê
– envergonha a democracia!!!
Welson Gasparini é deputado estadual/PSDB, advogado e
ex-prefeito de Ribeirão Preto.