:: Por Welson Gasparini ::
Embora tenhamos algumas escolas boas e bons
professores garantindo a transmissão de
um bom ensino, tomei conhecimento e
fiquei impressionado com algumas estatísticas sobre a questão educacional em
nosso País. Em termos gerais, lamentavelmente, a educação brasileira vive uma situação
deplorável e quem afirma isto não sou eu mas sim os próprios acontecimentos divulgados pela
imprensa a exemplo do verificado em
concurso da Ordem dos Advogados do Brasil.
Em recente concurso da
OAB, foram reprovados 92,8% dos 20 mil
candidatos bacharéis em
Direito. Isto é, dos 20 mil candidatos inscritos,
praticamente 19 mil não poderão exercer a profissão de advogado.
Segundo o presidente da OAB
de São Paulo, Dr. Flávio Borges D’Urso, “grande porcentagem desses bacharéis em
Direito não sabem regras gramaticais básicas como conjugar verbos ou aplicar o
plural nas palavras.” São pessoas de nível universitário, aprovados como
bacharéis em Direito nas nossas faculdades sem
saber, sequer, colocar palavras no plural ou conjugar verbos; prova disto é o fato de
muitos deles, apesar do diploma de bacharéis em Direito, migrarem para profissões diversas porque não
estão preparados para exercer a advocacia.
Infelizmente isso acontece nas
faculdades de Direto de todo o país e não só nas faculdades de Direito do
Estado de São Paulo, o mais rico desse País;
portanto, com a responsabilidade
de ser o Estado mais desenvolvido.
Isso, eis outro detalhe
significativo, não acontece apenas nas faculdades de Direito. Em 2009, o
Governo do Estado de São Paulo, fez uma prova de seleção para contratar professores para o
ensino básico com a participação de 181 mil candidatos: 88 mil deles foram reprovados porque não
alcançaram a nota mínima para lecionar!.
Atentemos para os números: 88
mil candidatos a professores foram reprovados
porque não conseguiram, sequer, alcançar a nota mínima!
O caso mais grave ocorreu em
2008 quando oito mil professores temporários do Estado de São Paulo foram
submetidos a um teste e não acertaram uma única questão das 25 aplicadas....
O que acontece com as instituições de ensino
responsáveis pela formação dessas pessoas?
Há pouco tempo ouvi a
declaração de um médico, líder da classe no
Estado de São Paulo, afirmando:
se um exame, nos moldes da
OAB, fosse aplicado ao formados em
Medicina, muitos não poderiam exercer a profissão porque não estariam qualificados para tanto;
mas, mesmo diante desse quadro,
continuam abrindo faculdades no
nosso País!
Temos a falsa impressão de que o Brasil está progredindo na
área educacional quando, na realidade, isso não acontece.
Além desse triste quadro, a
Unesco traz uma estatística mostrando o
Brasil como o País com o maior índice de
repetência no ensino fundamental de toda a América Latina. Fico irritado,
assim, quando ouço pronunciamentos de certos políticos apontando o
Brasil como, atualmente, a 6ª
maior economia mundial, mesmo diante desses dados referentes à Educação. A educação, não canso de proclamar, representa o desenvolvimento e progresso de
um país. Uma Nação que não se firma
através da educação, mesmo sendo
privilegiado o seu desenvolvimento econômico, não tem futuro e está fadada ao
fracasso.
Portanto, em pronunciamento
recente da tribuna da ALESP fiz um apelo todos os meus colegas parlamentares
para fazermos o possível no sentido de dotar
a área da Educação de todos os
recursos necessários (inclusive proporcionando bons salários aos professores e
promovendo critérios de avaliação nos quais seja priorizados o mérito) como
meio de favorecermos o surgimento de novas gerações aptas a construir o novo Brasil por todos nós
desejado!
O caminho para um futuro
melhor, decididamente, tem o seu primeiro passo num ensino melhor!
Welson Gasparini é deputado
estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto.
(Fotos: reprodução e arquivo pessoal)