Pessoas dependentes de videogames são solitárias e depressivas (Foto: reprodução) |
| Por Bruna de Alencar, da AUN, USP |
(2/12/2013 - www.mococa24horas.com.br) Diante da crescente ascensão e
influência dos videogames no cotidiano humano, o pós-graduando Guilherme
Meneses, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP,
optou por fazer um mapeamento sobre a dependência de videogames, em especial,
sobre os seus distintos modos de classificação, métodos de diagnóstico e
tratamento em sua dissertação intitulada "Videogame é droga? Controvérsias em
torno da dependência de jogos eletrônicos".
De acordo com Meneses, a ideia da pesquisa surgiu após o
contato com terapeutas que propunham tratamentos científicos aos chamados casos
de dependência de jogos eletrônicos. Nestas comunicações, segundo ele, tais
terapeutas não aparentavam ter familiaridade com os universos dos games e
basicamente adaptavam os métodos de tratamento de outros “transtornos” a um
novo objeto.
Jogos e dependência - Meneses explica que não é possível
afirmar com exatidão o que leva a dependências. De acordo com ele, há autores
que falam que a dependência seria uma expressão de transferência ou carência
social, seria um exemplo da teoria da compensação. “Essa teoria trabalha com a
ideia do uso de videogames como um meio de compensar ou lidar com déficits de
autoestima, identidade e relacionamentos”, diz.
Segundo ele, o mais curioso é que esta teoria trabalha com
uma contradição inerente ao seu próprio argumento: ao mesmo tempo em que afirma
que os videogames contribuem para formar vínculos íntimos e superar a solidão
(entre humanos), diz, ao contrário, que estas relações são falsas e que as
pessoas que fazem uso dos jogos são mais solitárias e depressivas.
Outro argumento que é usado frequentemente para explicar a
dependência é a uso excessivo dessa tecnologia. Contudo, é possível observar
que muitas das classificações utilizadas hoje são antigas, de uma época que a
Internet e os videogames não estavam tão presentes em nossas vidas como agora,
de modo que hoje os parâmetros são outros. Para exemplificar, Meneses explica
que uma resolução da Associação Americana de Psiquiatria afirma que 2 horas por
dia de atividades frente à tela, incluindo, televisão, computador, videogame,
celular, tablets, seria o máximo tolerável. Depois disso já seria considerado uso
excessivo.
Este argumento é fácil de ser refutado já que os padrões de
trabalho, de lazer e de estudo estão ligados a internet quase que em tempo
ininterrupto. “Hoje não faz sentido tomar o que acontece em frente à tela do
computador, da televisão ou do celular como um “mundo virtual” separado do que
entendemos por ‘mundo real'".
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