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A visão da Cabala sobre o fim dos tempos

:: Por Yacov Gerenstadt ::
O fenômeno cataclísmico relacionado ao calendário Maia tem sido tema de discussão em vários grupos, onde alguns sugerem que o fim desse calendário pode marcar o início de uma nova era. O alarde se iniciou com um trailer do filme “2012”, dirigido por Roland Emmerich e lançado em novembro de 2008, que mostrava um tsunami vindo do Himalaia, sugerindo que o mundo acabaria em 2012. O trailer ainda encorajava as pessoas a procurarem mais sobre o tema na Internet.
Aqueles que o fizeram, descobriram que um grande ciclo do calendário Maia terminaria em 2012. O ciclo terminaria e não o calendário Maia em si, como alguns entenderam. Ainda de acordo com a filosofia dos maias, a data de 21 ou 23 de dezembro de 2012, marcaria o “renascimento”.
Para entender melhor esses fatos, seria interessante analisar os calendários que conhecemos de um modo geral. No início, a Torá da criação descreveu: “E disse D’us: ‘Sejam luzeiros na expansão dos céus, para separar entre dia e entre noite, e sejam por sinais, e por prazos, e por dias e anos’” (Gênesis 1:14). Com isso, aprendemos claramente que o calendário deve ser baseado nos astros, já que uma de suas funções é a de definir os festivais, dias e anos. Outra função dos astros é o de anunciar presságios, tanto positivos, quanto negativos.
Início de novas eras – Portanto, datas específicas podem servir de presságios para acontecimentos ou marcar o início de novas eras. Baseado nisso, o Livro do Zôhar (um dos principais livros da Cabalá), comenta que cada milênio da criação possui uma característica específica, por exemplo, no primeiro milênio, D’us adotou uma conduta extremamente benevolente para com a humanidade. As pessoas viviam alguns séculos e, apesar de sua perversidade, não sofriam punições. Já no segundo milênio, D’us adotou uma conduta severa, onde as pessoas passaram a viver menos e a presenciar alguns castigos, aplicados na humanidade, como o dilúvio e a divisão das línguas na Torre de Babel; e também uma mudança na conduta Divina ocorria a cada virada de milênio.
Porém, é preciso entender que, tanto o calendário Maia, quanto o calendário Juliano ou o Gregoriano, usado hoje em dia pelo mundo ocidental, apesar de serem calendários baseados no ciclo solar – que dura 365 dias e 6 horas, aproximadamente, foram calendários “inventados” e estabelecidos pelo homem. Por isso, as datas estabelecidas nestes calendários não podem servir de presságios para D’us, já que se tratam de uma convenção humana.
Para definirmos os presságios que o calendário pode nos passar precisamos seguir o calendário estabelecido por D’us na Torá. “E falou o Eterno a Moisés e Aarão na terra do Egito, dizendo: ‘Este mês será para vós o princípio dos meses; será ele para vós o primeiro dos meses do ano” (Êxodo 12:1-2). Neste momento, D’us transmitiu a Moisés e a seu irmão, Aarão, as regras pelas quais devemos estabelecer a contagem do calendário, que é baseado em uma combinação do ciclo solar com o ciclo lunar: “Sejam luzeiros […] e sejam por sinais, e por prazos, e por dias e anos” (Gênesis 1:14).
Portanto, de acordo com o calendário estabelecido por D’us, estamos no ano de 5772, e nos encontramos bem próximos ao início de uma nova era. Uma era de paz, quando não haverá mais “fome, nem guerra, nem inveja, nem competição, pois as coisas boas fluirão em abundância e todas as delícias estarão disponíveis como o pó. […] Porque o mundo será preenchido com o conhecimento de D’us, como as águas cobrem o leito do oceano” (Maimônides em Mishnê Torá, Leis de Melachim, capítulo 12).



Yacov Gerenstadt é rabino, estudioso da Cabalá e preside a primeira unidade do Gal Einai, Instituto Internacional de Difusão de Cabalá, no Brasil.






(Fotos: divulgação e arquivo pessoal)

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