Nos últimos meses, fomos bombardeados incessantemente pelas
notícias a respeito da conferência sobre desenvolvimento sustentável, a Rio+20.
Independentemente dos resultados, sejam eles considerados pouco ambiciosos,
como frisam as ONGs, ou o melhor acordo possível no momento, segundo os
representantes dos governos, gostaria de chamar a atenção para um item que gera
impacto direto na forma como as empresas lidam com o tema da sustentabilidade e
que tem passado um pouco despercebido em meio aos 283 parágrafos que compõem o
documento final da conferência, intitulado “O futuro que queremos” (The future
we want).
Trata-se do parágrafo número 47 do documento, que reconhece a importância do relato da sustentabilidade corporativa e encoraja as empresas, especialmente as que são listadas em Bolsa ou que possuem um faturamento relevante, a considerarem o reporte das informações socioambientais no seu ciclo de divulgação de informações financeiras.
Trata-se do parágrafo número 47 do documento, que reconhece a importância do relato da sustentabilidade corporativa e encoraja as empresas, especialmente as que são listadas em Bolsa ou que possuem um faturamento relevante, a considerarem o reporte das informações socioambientais no seu ciclo de divulgação de informações financeiras.
O parágrafo encoraja também a indústria, os governos e
demais envolvidos (stakeholders) a desenvolverem, com suporte das Nações
Unidas, modelos que demonstrem as melhores práticas e facilitem as ações
necessárias para a integração do relato das informações de sustentabilidade com
as demonstrações contábeis, o denominado reporte integrado (Integrated
Reporting), levando em consideração os padrões já existentes e tomando as
devidas precauções para fornecer condições de adequação aos países em
desenvolvimento, inclusive em construção de capacidade para realizar tais reportes.
Embalados pela inclusão deste tema no documento final,
Brasil, França, Dinamarca e África do Sul, apoiados pela GRI (Global Reporting
Initiative) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA /
UNEP), formaram o grupo “Amigos do Parágrafo 47” (Friends of Paragraph 47).
Sua expectativa é engajar o setor privado nos objetivos do desenvolvimento
sustentável por intermédio da promoção da transparência e da prestação de
contas por parte das empresas.
A visão do grupo é a de que a promoção do relato de
informações socioambientais irá contribuir para monitorar os impactos e
mensurar as contribuições das corporações para o alcance das metas de
desenvolvimento sustentável dos Países.
Apesar de impactante, a ideia em si não é tão recente. Em um estudo publicado há dois anos (chamado Carrots & Sticks), a KPMG, juntamente com a GRI, já havia mapeado a tendência do relato das informações socioambientais ser regulada por legislações específicas em vários Países, e como isto influi diretamente no número de reportes divulgados pelas empresas.
Apesar de impactante, a ideia em si não é tão recente. Em um estudo publicado há dois anos (chamado Carrots & Sticks), a KPMG, juntamente com a GRI, já havia mapeado a tendência do relato das informações socioambientais ser regulada por legislações específicas em vários Países, e como isto influi diretamente no número de reportes divulgados pelas empresas.
Em termos de legado da Rio+20, o parágrafo 47 sinaliza para
o setor privado que o reporte das informações socioambientais veio para ficar,
e que os governos estão cada vez mais engajados em promover este tipo de divulgação
de informações, inclusive solicitando a integração com os reportes financeiros
e contábeis.
Como sempre, as empresas que possuírem melhor capacidade
para coletar, analisar, consolidar e relatar estas informações sairão à frente
e terão custos menores de adequação, apesar de muitas vezes pagarem o preço do
pioneirismo. Entretanto, os benefícios de se fazer uma gestão do negócio que
vai além do simples retorno econômico são cada vez mais palpáveis. Os amigos do
parágrafo 47 estão aí para nos recordar disto...
(Fotos: Greenpeace/divulgação e arquivo pessoal)