:: Por Fernando Almeida ::
Nossos jovens convivem com um fluxo crescente, rápido e
intenso de informações, ao alcance do toque de um botão no computador, no
tablet e mesmo no celular. Google e similares colocam diante das pessoas uma
enorme quantidade de textos, imagens e vídeos que tratam de temas diversos,
frequentemente com grande apelo visual.
É grande o risco de o ritmo da escola tradicional, na qual o
aprendizado é uma experiência nem sempre tão ágil e muitas vezes difícil, se
tornar enfadonho para os alunos. Daí a importância de se reinventar o material
didático, incorporando soluções visuais que o tornem tão atrativo quanto uma
tela de computador e apresentando conceitos e atividades que despertem no jovem
o gosto pelo desafio.
No entanto, o material que referenciará o estudo do aluno
não pode ser mera junção de conceitos e atividades, mesmo que apresentados com
grande impacto visual. É necessário buscar o encantamento e, para isso, o
conteúdo precisa ter significação para o jovem. A apresentação fria do assunto,
acompanhada de longo questionário que busca a memorização dos conceitos por
meio da repetição insípida, como acontecia no passado, não pode mais ser
considerada estratégia pedagógica.
Impõe-se, por isso, a necessidade de se planejar seriamente
o material didático, em todos os níveis. Isso visando incluir nele aspectos
significativos, que sejam trabalhados sob a perspectiva de uma didática
participativa.
Estudante precisa testar seus limites - O professor, cada vez mais, deixa de ser o agente central do
processo e se torna mediador. Desse modo, ele assegura que os temas sejam
discutidos com propriedade pelos alunos, os quais devem desenvolver habilidades
e competências, construindo argumentações, fazendo proposições e resolvendo
desafios apresentados por meio de situações-problema. Outra estratégia capaz de
atrair e manter o interesse é empregar metodologia que desafie o aluno a testar
seus limites, por meio de um conjunto de atividades que valorizem o pensamento
investigativo e o raciocínio lógico.
Outra preocupação que permeia o trabalho editorial é a
exposição de conteúdos relevantes e com extremo rigor conceitual. Vai longe a
época em que grupos de intrépidos professores preparavam as famigeradas
“apostilas” em casa, nas horas vagas, usando conhecimentos práticos e excertos
de outras obras.Um bom sistema estruturado de ensino depende de muito
planejamento, intensa revisão e cuidadoso acompanhamento. Não há espaço para
improviso, reutilização de materiais segregados ou adaptações de conteúdos
planejados para outras finalidades – nossos alunos merecem excelência editorial
e pedagógica, o que é um ótimo ponto de partida para que se sintam motivados a
estudar.
Os materiais didáticos estruturados (ou “sistemas de
ensino”) são cadernos, de uso individual, que organizam o currículo da escola e
os conteúdos das disciplinas, aula a aula. Podem ainda orientar os professores
e acompanhar o desempenho dos alunos, o que, na visão das pesquisadoras,
otimiza o aproveitamento do tempo em sala de aula, favorece o estudo do aluno
em casa e incrementa o domínio do conteúdo pelo professor.
Correção conceitual, clareza didática e atualização do
conteúdo são indispensáveis. Reformulações e reedições periódicas garantem a
contemporaneidade do material, apoiada por um portal que agilize o upgrade de
informações e forneça subsídios para o trabalho cotidiano de estudantes e
professores. E com a popularização dos tablets, os professores conseguirão
empregar extraordinários recursos digitais, capazes de enriquecer as aulas e,
se utilizados de forma adequada, ótimos para motivar os alunos. Este, no
entanto, é um tema a ser tratado em uma próxima oportunidade.
Fernando Almeida é biólogo, professor e diretor editorial do
Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva.
(Fotos: reprodução e arquivo pessoal/divulgação)
(Fotos: reprodução e arquivo pessoal/divulgação)